É um transtorno descrito no início do século 20, inicialmente em crianças. Os sintomas cardinais abarcam dificuldades na atenção, impulsividade e agitação, os quais podem levar a prejuízos funcionais ao se manifestarem de forma persistente ao longo do tempo. Com o avanço das pesquisas com diferentes metodologias e estudos de genética comportamental e molecular, hoje sabemos que é compreendido como um transtorno crônico, que tem início na infância e acompanha os indivíduos ao longo de seu desenvolvimento.
Fatores desencadeantes
A etiologia do TDAH tem sido compreendida como multifatorial, sendo que fatores ambientais, genéticos e biológicos convergem para o aumento de sua manifestação.
Além das investigações genéticas, há estudos com foco nos fatores de risco ambientais sobre o desenvolvimento do TDAH, sendo a prematuridade uma condição com evidências conclusivas de associação. Há outra condições, porém com evidências limitadas ou sugestivas com a relação temporal, como baixo peso as nascimento e exposição intrauterina ao tabaco. Outros fatores como complicações no período pré e perinatal, exposição intraútero a álcool e drogas são considerados inconclusivos e insuficientes.
Diagnóstico e sintomas
Os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade podem se manifestar de forma concomitante ou isoladamente. Por definição, devem estar presentes desde a infância e causar um comportamento disfuncional em relação ao desenvolvimento normal.
A desatenção diz respeito à dificuldade em iniciar uma tarefa e manter a atenção para que seja concluída, levando também à dificuldade de organização, dificuldade de planejamento e execução de atividades, distraibilidade e esquecimento de compromissos.
Na hiperatividade, observamos um comportamento caracterizado pelo sentimento de inquietude e aumento da atividade física, o que demonstra uma incapacidade de se manter parado quando fosse esperado.
A impulsividade caracteriza um comportamento em que há dificuldade em adiar uma resposta ou ação, a despeito de consequências negativas.
Deve-se destacar que o nível de motivação do indivíduo, o estágio de desenvolvimento em que se encontra, a estruturação do ambiente e a importância da tarefa a ser executada influenciam na manifestação dos sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.
Em função da desatenção, é comum observarmos a procrastinação na adolescência e idade adulta, decorrente da dificuldade de ponderar as tarefas a serem realizadas em determinado tempo.
Uma avaliação clínica apurada é de fundamental importância, pois estudos evidenciam a comorbidade do TDAH com transtornos de ansiedade, fobias simples, fobia social, transtorno de ansiedade generalizada, depressão e transtorno afetivo bipolar. Observamos também a ocorrência concomitante com transtorno de tique motor e síndrome de Tourette, assim como a enurese. Tais comorbidades devem ser tratadas juntamente ao TDAH para que tenhamos melhores resultados clínicos.
Tratamento
O tratamento do TDAH inclui múltiplas abordagens, com o objetivo de focar em aspectos específicos do quadro clínico e ambiente escolar e familiar.
A psicoeducação deve ser implementada no início do tratamento, com o objetivo de ajudar pacientes e familiares na compreensão do TDAH e na aderência ao planejamento terapêutico.
A terapia comportamental tem se mostrado bastante eficaz para manejo e controle dos sintomas nucleares do TDAH, ajudando o indivíduo a desenvolver um maior planejamento e reflexão no que diz respeito às tarefas de comportamento de pensamento.
O tratamento farmacológico do TDAH tem como foco a redução dos sintomas de forma duradoura ao longo do dia. Há inúmeras medicações comprovadas, com eficácia e segurança estabelecidas, sendo agrupadas em medicações estimulantes e não estimulantes. São utilizadas há muitas décadas em diversos países para esta finalidade terapêutica, alcançando resposta clínica consistente, de acordo com ensaios clínicos randomizados, revisões sistemáticas e metanálises.