O que é Psiquiatria Intervencionista?

No momento, você está visualizando O que é Psiquiatria Intervencionista?

O que é Psiquiatria Intervencionista?

A psiquiatria intervencionista, trata-se de modalidades de tratamento dentro da psiquiatria, as quais não utilizam medicação, tendo como objetivo a estimulação de regiões do cérebro relacionadas aos circuitos cerebrais mais envolvidos nos transtornos de humor. Esta estimulação ocorre através de neuromodulação ou neuroestimulação, ambas as técnicas bastante eficazes, porém, diferentes do ponto de vista neurofisiológico. A condição elementar para estas técnicas é a aplicação de uma corrente elétrica em regiões específicas do cérebro, as quais terão trajetórias diferentes e trarão, consequentemente, repercussões neurobiológicas e neurofisiológicas e, em última instância, a resposta clínica desejada. Atualmente, há diversas técnicas utilizadas, sendo algumas delas mais recentemente desenvolvidas. A mais antiga, presente na medicina desde 1937 – a chamada Eletroconvulsoterapia – é uma modalidade de tratamento para depressões mais graves, quando não houve resposta clínica a diversas medicações e combinação das mesmas, ou quando há fatores de gravidade associado ao episódio depressivo, como inanição e/ou risco de suicídio.

Psiquiatria Intervencionista e Suas Abordagens Modernas

Mais recentemente foi aprovado o uso da Cetamina para depressões graves e com risco de suicídio. Inicialmente, a via de administração era intramuscular ou endovenosa. Em 2020, foi aprovado no Brasil o uso intranasal, um spray utilizado nas narinas ao longo de diversas aplicações. Esta modalidade de tratamento é a única em que não é aplicada nenhuma forma de neuroestimulação/modulação, ou seja, estímulo elétrico. Seu mecanismo de ação é farmacológico, ou seja, uma molécula atua no sistema glutamatérgico do cérebro, efeito este relacionado ao alívio dos sintomas depressivos.

Outra importante modalidade de tratamento é Estimulação Magnética Transcraniana de repetição (EMTr). Aprovada pelo FDA (Food and Drugs Administration) – órgão regulatório americano – em 2008, e no Brasil, pelo Conselho Federal de Medicina, em 2012. Consiste basicamente na utilização de um campo eletromagnético, o qual gera uma corrente elétrica que irá despolarizar neurônios nas regiões corticais mais superficiais. Porém, sabe-se que seu alcance acaba por ser mais profundo, através de efeitos transinápticos. É uma técnica que exerce efeitos neuroestimulatórios e neuromodulatórios (Lefaucheur, 2009), praticamente isento de efeitos colaterais e não invasivo.

A Estimulação Taanscraniana por Corrente Contínua (ETCC) também é outra técnia de estimulação cerebral não invasiva, porém, exerce efeitos cerebrais apenas neuromodulatórios (não gera potencial de ação neuronal), agindo na excitabilidade cortical. Ainda é foco de pesquisas, não tendo sido aprovada pelos principais órgãos para uso clínico, porém, diversos ensaios clínicos evidenciam melhora significativa nos sintomas depressivos após alguns dias de estimulação.